Apresentação

  Em 2017, o Grupo de Estudos e Pesquisas Macondo: artes, culturas contemporâneas e outras epistemologias da UFRPE-UAST organizou, em parceria com Graci Guarani, Alexandre Pankararu e o Coletivo Fulni-ô de Cinema, a I Mostra de Cinema Indígena da UFRPE-UAST, o primeiro e único evento dessa natureza na região – vale endossar que esse evento foi realizado sem recurso de fomento algum, apenas com a garra e a boa vontade de cineastas, estudantes e docentes envolvidos. O evento surge no bojo da Lei n° 11.645/2008, que regulamenta a obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena em todos os níveis de ensino (básico e superior).

  A aplicação efetiva dessa lei depende da capacitação de docentes e da existência e acessibilidade de materiais didáticos de qualidade que tratem da história e cultura indígena no Brasil em geral, e, em particular, sobre os povos indígenas que vivem e/ou viviam no Nordeste. Para tanto, uma das prerrogativas de legislação atenta para a implementação, nas licenciaturas, de disciplina voltada para o debate sobre as relações étnico-raciais, porquanto se faz basilar a formação de docentes com habilitação para adensar o ensino sobre a história e a cultura afro-brasileira e indígena.

  Contudo, é perceptível, dada a invisibilidade que essas discussões têm na vida social, que as 60 horas/aula da disciplina não são suficientes para preencher as lacunas da formação crítica e reflexiva quanto à temática. Diante disso, nasce o projeto Conexão Pindorama: mapeamento dos cinemas indígenas de Paranãmbuko, com o intuito de contribuir com o esforço coletivo de possibilitar acesso às discussões sobre a questão indígena local ao corpo discente das licenciaturas e professoras/es da educação básica para que trabalhem em sintonia e ajudem a implementar políticas públicas, contribuindo em atividades de troca de saberes com diferentes setores da sociedade. A ideia é divulgar a produção científica e de saberes acadêmicos e tradicionais sobre as questões indígenas urgentes para além dos universos das próprias universidades e conhecer os saberes de outros grupos sociais e culturais. Com informação e respeito às diversidades, é possível fortalecer a luta dos povos originários por meio do audiovisual em sala de aula. O cinema indígena é tão diverso quanto os povos indíegnas de Pindorama e está em constante transformação. Vem conhecer mais!